1. Fraudes na Educação

Nesta análise listamos os vários casos de fraudes na verdadeira acepção da palavra, que vêm a assolar o sistema de ensino e que talvez sejam sintomáticos de outros problemas mais profundos ou mesmo estruturais.

2. Artigos

2.1. Comércio de teses

Ouvem-se cada vez mais rumores acerca da venda de trabalhos de casa, projectos, teses de mestrado e até de teses de doutoramento. O artigo seguinte dá uma ideia do que se passa nesta área:

• Teses de doutoramento à venda por 50 mil euros

  • Data: 2009.02.02
  • Fonte: DN
  • Autor: Redacção

  • Ensino Superior. A massificação dos doutoramentos, que triplicaram em dez anos, abriu a porta ao negócio e à falsificação. Vendem-se teses por milhares de euros e alguns são plágios. Só pontualmente é que os professores dão conta de que se trata de cópias, facilitadas pelas bases de dados na Internet Quanto vale uma tese de doutoramento? Se para muitos é condição para preservar um emprego na carreira académica e, para outros, uma arma no cada vez mais competitivo mercado de trabalho, há quem tenha na "produção" ou falsificação de teses uma actividade lucrativa.

Ao que parece há redobrado interesse nestes graus académicos dado que estes podem conferir em algumas profissões uma progressão automática na carreira - esta razão deveria bastar para que todo o tipo de progressão fosse feito em função do mérito em vez de ser feita em função de um canudo.

• Teses à venda na Net por 1500 euros

  • Data: 2009.08.06
  • Fonte: Expresso
  • Autor: Redacção

  • A venda de trabalhos académicos, monografias e teses de mestrado não tem parado de crescer e é cada vez mais profissional. A Universidade do Minho usa software para apanhar plágio. Carolina acabou a licenciatura há quatro anos e não planeia fazer o mestrado. Mas se tudo fosse transparente no crescente e obscuro negócio da venda de trabalhos académicos, o seu nome já devia constar em dezenas de teses. E "nas mais variadas áreas", admite. Desde a Psicologia, em que é formada, até à Sociologia, passando pela Enfermagem e até pela Informática.

• Certificados do 12º ano vendidos na Internet por 400 euros

  • Data: 2010.08.19
  • Fonte: i-online
  • Autor: Filipa Martins

  • O i tentou comprar um portefólio que dá acesso ao 12.º ano das Novas Oportunidades. Pediram-nos 400 euros A Agência Nacional de Qualificação (ANQ), entidade criada sob a tutela do Ministério da Educação e do Ministério do Trabalho, detectou durante "um programa de visitas de acompanhamento a Centros Novas Oportunidades", ao longo do ano de 2009, a existência de candidatos certificados com trabalhos "retirados integralmente da internet, e com base nos quais é feita a validação e certificação de competências".

• Venda de teses movimenta milhares de euros por ano

  • Data: 2010.08.23
  • Fonte: DN
  • Autor: Ana Bela Ferreira

  • Comprar uma tese pode custar 1500 euros. Um 'negócio' em crescimento na Internet Um familiar de Teresa (nome fictício) precisava de fazer pesquisa para um trabalho universitário. Como ela estava desempregada, ele pediu-lhe para o ajudar a recolher informação nas bibliotecas. Teresa, que sempre gostou de fazer pesquisas, ajudou-o a elaborar o trabalho. "A partir daí pensei que podia fazer isto para fora", reconhece. A venda de trabalhos académicos é um negócio em expansão. Mas não só.

Este tráfico de trabalhos académicos, desenrola-se em meados de 2011 de uma forma completamente descarada. Basta irmos a qualquer site de anúncios classificados e encontram-se dezenas, se não centenas de exemplos. A fraude torna-se desta forma normal. Os trabalhos abrangem desde as brincadeiras das novas oportunidades às brincadeiras das teses de doutoramento. Por exemplo, acedendo ao site www.olx.pt e fazendo uma busca pela palavra chave tese, obtemos (em 2011.05.23) 207 resultados do género:

• 

• Este é um resultado desta busca.

• Backup da página de resultados.

Para as novas oportunidades é a mesma coisa:

• 

• Este é um resultado desta busca.

• Backup da página de resultados.

Se mudarmos de site de anúncios, a situação é a mesma:

• 

• Este é um resultado desta busca.

Notar que tenho dúvidas quanto ao enquadramento legal deste tipo de actividade. Que é pouco ética e amoral isso é óbvio, se é algum tipo de contravenção não sei.

(Os links para estes sites foram retirados de dois posts do Aventar, este e este.) - Full disclosure: escrevo por vezes para o Aventar, no entanto estou a referir esta fonte apenas para reconhecer e dar os créditos do trabalho a quem a eles tem direito.

2.2. Não cumprimento de obrigações

• Quase um terço dos bolseiros apoiados pelo Estado não provou que fez o doutoramento

  • Data: 2011.06.23
  • Fonte: Público
  • Autor: João D´Espiney

  • Quase um terço dos bolseiros que receberam apoio para o seu doutoramento em 2009 “não cumpriram com a obrigação de envio de cópias das teses” e a entidade que atribuiu o dinheiro não suscitou “a sua regularização”. Em causa estão, segundo os resultados de uma auditoria da Inspecção-Geral de Finanças (IGF), 1432 bolseiros e apoios de 91,2 milhões de euros.

2.3. Plágio

Tendo em conta o anterior, não admira que se comecem a encontrar casos de plágio. O mais famoso é o de Ana Luísa Soares que no fim de 2010 viu o seu grau de doutoramento anulado.

2.3.1. Caso Ana Luísa Braga Soares

• Professora do Politécnicodo Porto acusada de plágio

  • Data: 2010.04.23
  • Fonte: JN
  • Autor: Nuno Cerqueira

  • A tese de doutoramento de uma professora do Instituto Politécnico do Porto (IPP), apresentada na Universidade do Minho (UMinho), é uma provável cópia da tese original com origem no Brasil. O reitor da academia minhota confirma o caso que está a ser investigado. Actualmente a trabalhar na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG) do IPP em Vila do Conde, Ana Luísa S. defendeu a tese de doutoramento em finais de 2009, na UMinho, onde prestou provas públicas e, como teve aprovação, foi-lhe atestado o grau de doutor.

• Professora acusada de plágio na tese de doutoramento

  • Data: 2010.04.23
  • Fonte: Público
  • Autor: Samuel Silva

  • A professora do Instituto Politécnico do Porto (IPP) Ana Luísa Braga Soares doutorou-se, no final do ano passado, na Universidade do Minho (UM), mas a sua tese terá sido plagiada de um trabalho feito por um autor brasileiro. Ana Luísa Soares é professora adjunta na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG) do IPP, que funciona em Vila do Conde. Em Dezembro do ano passado, prestou provas públicas na UM, tendo-lhe sido conferido o grau de doutor.

• Este último artigo é incluído porque contém o nome da pessoa em causa.

• Professora acusada de plágio pede demissão de escola onde dava aulas

  • Data: 2010.05.08
  • Fonte: Público
  • Autor: Samuel Silva

  • A professora acusada de ter plagiado a sua tese de doutoramento pediu a demissão do Instituto Politécnico do Porto (IPP). O eventual afastamento da docente está ainda a ser avaliado pela Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG), onde esta leccionava. O caso está sob investigação da Universidade do Minho (UM), instituição que concedeu o grau de doutor, devendo as conclusões ser conhecidas até ao final do mês. O pedido de demissão da docente foi confirmado ao PÚBLICO pela presidente do IPP, Rosário Gambôa.

• Universidade do Minho é a primeira do país a anular doutoramento por plágio

  • Data: 2010.12.28
  • Fonte: Público
  • Autor: Samuel Silva

  • A Universidade do Minho (UM) anulou um doutoramento que tinha sido obtido no ano passado com base numa tese que plagiava parte do trabalho de um investigador brasileiro. A doutoranda era professora no Instituto Politécnico do Porto (IPP) e pediu a demissão na sequência da denúncia do caso. Esta é a primeira vez que uma universidade portuguesa anula um grau de doutor concedido por causa de um plágio.

2.3.2. O caso de Guilherme Almeida - Vereador e presidente da concelhia do PSD de Viseu

Guilherme Almeida, vereador e presidente da concelhia do PSD de Viseu alegadamente plagiou a tese da sua propria mulher:

• Viseu: Professora e vereador apresentam teses semelhantes

  • Data: 2013.02.26
  • Fonte: TSF
  • Autor: Redacção

  • Em comunhão de trabalhos académicos, um casal - ela professora no Politécnico de Viseu e ele vereador e presidente da concelhia do PSD - apresentou teses de mestrado semelhantes no ISCTE. Ambos apresentaram, com três anos de diferença, uma tese de mestrado no Instituto Superior de Ciências do Trabalho (ISCTE, que as tem disponíveis na biblioteca).

2.4. Manuais escolares

Os manuais são caros porque:

• Há um lobby (e pessoas que o acolhem no ministério da educação) que faz com que os manuais sejam mudados todos os anos;

• Há o movimento do eduquês que exige entre outra coisa livros onde se escreve directamente, inutilizando os mesmos para posteriores usos por outros alunos;

• Há liberdade para as escolas escolherem os manuais que querem em vez de se fazer um concurso e definir manuais iguais para toda a gente;

Todos estes motivos têm em comum o facto de fazerem com que não seja possível termos economias de escala. Isto é um tipo de fraude dado que por um lado nos faz gastar recursos em livros que podiam perfeitamente ser reaproveitados e por outro nega o uso desses mesmos recursos em áreas que deles necessitam.

• Por que são tão caros os manuais escolares?

  • Data: 2010.08.29
  • Fonte: JN
  • Autor: Cláudia Luís

  • Factura: 212,10 euros. É quanto os pais do José, aluno do 10.º ano da Escola Secundária Abel Salazar na área de Ciências e Tecnologias, terão de pagar pela encomenda dos manuais escolares que já estão à sua espera na loja de sempre. Na papelaria Sonho Real, em São Mamede de Infesta, não há multibanco, nem fiado, nem prestações suaves. As contas pagam-se por inteiro. Em dinheiro. E clientes não têm faltado. "Os miúdos têm de ter os livros! Olhe que as vendas não mudaram com esta crise", diz a dona do estabelecimento, Maria Sarmento.

2.5. Fosfenismo

O fosfenismo é uma pseudo-ciência.

• Escola põe alunos a fixar lâmpadas para terem melhores resultados

  • Data: 2012.03.22
  • Fonte: Público
  • Autor: Clara Viana

  • Uma lâmpada pode melhorar comportamentos e resultados escolares? Os adeptos do fosfenismo - que associa o pensamento à reacção à luz - acreditam que sim. Os ecos chegaram à Escola Básica do 2.º e 3.º ciclos de Arazede (freguesia rural do concelho de Montemor-o-Velho), que decidiu esta ano aplicar esta técnica alternativa, que não está aprovada pela autoridades de saúde, a alunos com dificuldades de aprendizagem e de comportamento. Ontem, já depois de ter sido contactada pelo PÚBLICO, a escola suspendeu a experiência.

3. Ficheiros em anexo a esta análise

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